sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Canionismo para os radicais!
Paulo Fortes

matéria publicada no site Ibahia(trechos em azul foram atualizados) http://ibahia.globo.com/irado

Publicado em 01/05/2001

Dessa pouca gente sabia: o canionismo surgiu no início do século, junto com uma ciência chamada espeleologia (estudo e exploração das cavidades naturais do solo, como grutas e cavernas). Seu fundador, o explorador francês e hidrogeólogo, Edouard Martel, foi incubido pelo governo francês de explorar canions, cavernas e gargantas rochosas nos Pirineus - cadeia de montanhas situada na fronteira entre a França e a Espanha. Para realizar sua tarefa, Martel teve que desenvolver várias técnicas usadas no canionismo.

Como esporte, separado da espeleologia, o canionismo tem cerca de 30 anos. De acordo com Carlos Zaith, um dos mais experientes canionistas do Brasil e grande pesquisador do assunto, o canionismo esportivo desenvolveu-se na França e na Espanha, em contato com os esportes de águas-brancas, como canoagem e rafting e com as modernas técnicas de exploração vertical. No Brasil, os pioneiros foram os espeleólogos do grupo H2Omem, no início dos anos 90, que catalogaram mais de duas mil cachoeiras em 12 estados durante dez anos de atividades.

Olha a diferença

Humberto Filho, 34 anos, coordenador da equipe Bahiaventura de esportes radicais, afirma que a imagem do canionismo no país está muito associada ao rapel em cachoeiras, ou "cascading". Ele ressalta que o rappel é apenas uma das técnicas usadas no esporte. O canionista precisa dominar várias outras técnicas, a exemplo da escalada, nado, mergulho, trekking e a descida em tobogãs naturais.

Humbertoe destaca o caráter explorativo e o risco inerentes à prática do canionismo e alerta para o perigo de acidentes, geralmente associado a dois fatores: inexperiência e inundações. Para percorrer um canion, diz, "é preciso calcular a topografia, ter bom senso de orientação e estar acompanhado por um guia experiente". Segundo ele, é preciso ter muito cuidado para para não fazer um caminho sem volta, como as descidas por paredes rochosas sempre molhadas, que não poderão ser escaladas depois. Nestes casos, um erro de cálculo pode ser fatal.

Quanto às inundações, conhecidas na Chapada como trombas d'água, é fundamental conhecer o regime de chuvas da região e o regime de cheias dos rios escolhidos. Além de cuidados essenciais com o posicionamento do grupo no canion durante a exploração, e com os pontos escolhidos para levantar acampamento, que devem estar a uma distância e altitude seguras do leito do rio. Outro ponto fundamental a ser observado a todo instante quando se está num canion, afirma o esportista, são as vias de escape, as alternativas para uma saída rápida se algo der errado.

Afora os riscos, o canionismo, quando realizado com responsabilidade e segurança, se configura em uma prática divertida e emocionante que vem atraindo inúmeros adeptos na Bahia. De acordo com Humberto, o perfil do praticante de canionismo no estado é de profissionais liberais entre 30 e 40 anos de idade, e a maioria é formada por mulheres. Ele diz que os melhores locais para a prática do canionismo na Bahia estão na Chapada Diamantina, especialmente em áreas inexploradas da Chapada norte e da Chapada sul, próximo a localidades como Iramaia e Ibiquara.


Trabalho em equipe

O trabalho em equipe é um dos fundamentos do canionismo. A ajuda mútua é absolutamente necessária para ajudar a transpor obstáculos e para garantir a segurança durante descidas ou escaladas. Segundo Humberto Filho, o esporte nunca deve ser praticado por um grupo menor que três pessoas nem maior que oito. Para ele, o número ideal de integrantes situa-se entre 3 e 6 canionistas. Humberto afirma que um número menor de praticantes reduz a segurança do canionismo, e um número maior, além de aumentar o impacto ambiental, compromete o prazer do esporte. Ele explica que muitas vezes, enquanto o primeiro do grupo está começando uma escalada, os outros estão esperando a vez dentro do rio, imersos em água muito fria, o que pode ser desconfortável se a espera for longa.

Como praticar

O equipamento do canionista custa entre R$500 e R$1mil. É indispensável usar uma roupa de mergulho, para enfrentar o frio e a água, capacete para proteção, calçados resistentes à água, luvas, e material para rappel e escalada vertical, como cordas, cinto cadeirinha e mosquetões.

Em Salvador, a Bahiaventura oferece um curso básico seguindo padrões da Associação Brasileira de Canionismo. O curso tem duração mínima de 20h e é ministrado durante quatro dias. São dois dias de aulas teóricas, na sede da Bahiaventura. A parte prática é ministrada pela a equipe dura dois dias, em um pequeno canion próximo à cidade de Santo Amaro da Purificação. O curso custa R$250. Para entrar em contato com a Bahiaventura ligue para (71) 33634975 ou mande um e-mail para bahiaventura@terra.com.br.


Fotos desta matéria: Humberto Filho

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